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bomba atrai bomba. e nós no meio.

Orlando

12/02/2014 15h19

tiro

no final da tarde do dia 13 de junho de 2013 fomos ao encontro dos manifestantes do passe livre no centro de são paulo.
a manifestação era pacífica e ordeira até a polícia, que fazia cordão de isolamento no pé da rua da consolação, começar a atirar.
pelas costas dos manifestantes, vindo da av, ipiranga, o choque surgiu para sufocar a manifestação.
a história está aqui.

as bombas de efeito moral vinham de todos os lados em cima dos meninos acuados na praça roosevelt.
quando dava passagem para alguns deles, uma bomba estoura no meu pé.
a cicatriz está lá até hoje assim como a indignação.
e se uma bomba dessas estourasse na cabeça de alguém? se ficasse presa num capuz de agasalho?
tímpanos, olhos, rosto, mãos poderiam ser seriamente injuriados.
foi em mim e no pé. menos mal.
a força da polícia foi completamente desproporcional e sem sentido.
um fotógrafo perdeu um olho por um tiro de bala de borracha e veio a indignação da imprensa até então conivente com a ação oficial.
a polícia, que deveria proteger o cidadão o atacava covardemente.

semanas atrás, numa confusão com a torcida do corinthians no pacaembu a mesma polícia fez um cordão, isolou os enfurecidos e os empurrou para trás.
do nada, um policial atacou com o cacetete exatamente o torcedor que pedia calma. pronto, estava feita a confusão e o pau comeu para os dois lados.
em um segundo o policial agressor tomavou uma voadora de um torcedor que vinha de cima.

agora o cinegrafista da band.
um rojão que veio como vêm as bombas da polícia. do nada, só para provocar, para assustar e dissipar. ninguém quer machucar ninguém, não é? mas continuam com explosivos e explosivos chamam outros explosivos. força chama mais força.
inteligência que é o que o governo deveria ter para lidar com essas situações ainda está em falta.
e, de novo, a imprensa demonstra todo o seu espanto e indignação.
um dos seus caiu no meio da batalha.

os manifestantes com causa sumiram, os black blocs assumiram e, mais um pouquinho estarão superados pela horda de descontentes que não tem nada a perder e pouco a reivindicar.
são centenas de jovens sem esperança alguma, que ficaram esperando o espetáculo do crescimento, o brasil melhor, o emprego pleno, um mundo mais justo (mesmo que do jeito deles) com saúde, educação, marcas da moda e que vêem um país cuidando muito mal de seus cidadãos.
motivos para revolta não faltam.
a falência do estado fica, a cada dia, mais evidente e aí mora o perigo.

já querem aprovar uma lei que tornaria qualquer manifestante – eu, você – em terrorista por protestar.
péra, já não vimos isso antes?
aliás, não é parte desse povo, que está no planalto hoje, que lutou contra esse tipo de atentado à democracia?

acho que teremos mais um motivo para voltar às ruas.

Sobre o autor

Orlando Pedroso é artista gráfico e ilustrador, trabalhou com praticamente todas as publicações da grande imprensa. Foi colaborador da Folha de S. Paulo de 1985 a 2011. Ilustrou mais de 60 livros infanto-juvenis e é co-autor de “Livro dos Segundos Socorros” e “Não Vou Dormir” – finalista do prêmio Jabuti de 2007 nas categorias “ilustração” e “melhor livro”. Foi vencedor do Prêmio HQ Mix de melhor ilustrador nos anos de 2001, 2005 e 2006. Expôs nas mostras individuais como “Como o Diabo Gosta”(1997) , “Olha o Passarinho!”(2001), “Uns Desenhos” e “Ôtros Desenhos” (2007). Em 2008, faz uma exposição retrospectiva de 30 anos de trabalho como artista convidado do 35º Salão de Humor de Piracicaba.- É autor dos livros Moças Finas, Árvres e do infantil Vida Simples, e membro do conselho da SIB – Sociedade dos Ilustradores do Brasil.

Sobre o blog

Este blog trata de artes gráficas, ilustração, cartum, quadrinhos e assuntos aleatórios.

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