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polícia paulista provoca a violência nas manifestações em sp

Orlando

13/06/2013 23h02

pense uma ação desastrada. pense agora uma ação completamente desastrada.

fomos de ônibus (passagem R$3,20 a testa) do sumaré ao centro.
no final da consolação o aviso de que o coletivo desviaria o caminho por conta da manifestação.
todos descem.
caminhamos até encontrar a massa enorme de manifestantes na av. ipiranga.
nenhum problema, nem palavras de ordem nem manifestações exacerbadas.
todos cantavam e, tivesse eu mais habilidade com o celular, teria postado algo na rede dizendo que tudo estava lindo e emocionante.

foto: cecília laszkiewicz

o comboio começa a caminhar rumo à rua da consolação em paz absoluta.
na esquina da consolação com a maria antonia a polícia faz um cordão e dá-lhe bomba.
são paulo é um estado rico. não vai economizar nessa hora, não é?
o povo recuava enquanto a tropa de choque chegava por trás despejando bombas e tiros.

foto: cecília laszkiewicz

veja bem, tivesse a polícia acompanhado e garantido o direito de protesto, essa turba teria subido a consolação na paz, cantado seus hinos, seguido rumo à paulista ou outra avenida e pronto.
o que aconteceu foi algo absolutamente surreal.
parte da garotada correu para a rua rego freitas, outra avançou para a praça roosevelt.
na praça, havia um cordão impedindo a passagem e as bombas começaram a chegar pelo alto.
imagine um monte de gente encurralada, bombas e tiros vindos pelo alto por todos os lados.
algo explode no meu pé quando consigo subir uma escada e assim, tardiamente eu sei, conheço as novas obras da praça roosevelt.

foto: renato bacci neto/ curativo feito por equipe da matilha cultural/ obrigado!

o povo dispersa e se protege do gás das bombas que não param de cair.
tivesse o comboio subido em ordem, tudo estaria sob controle.
com a dispersão, centenas de pessoas se espalham por ruas e ruelas do centro enquanto outros subiam a consolação e a augusta.
o trabalho da polícia é infinitamente maior e esses grupos espalhados começam a esparramar lixo, quebrar lixeiras, por fogo.

podemos discutir se existe infiltração de grupos políticos, se existem vândalos ou anarquistas infiltrados mas não há a menor dúvida de que qualquer rastro de violência que possa ter havido foi por conta da ação ignorante da polícia do estado.
a força da contenção era infinitamente maior do que o momento exigia.
não existe nada que justifique uma ação como essa.

se a intenção era cortar o mal pela raiz (percebam que a manifestação mal havia começado), o que o estado está conseguindo é criar um clima de revolta sem tamanho.
insisto que as manifestações que acontecem agora no brasil já se descolaram dos R$0,20 da passagem de ônibus e espelham uma insatisfação generalizada pelo o que acontece no país.

ironicamente, dispersando, provavelmente a polícia só faz aumentar a união e o coro dos descontentes.

foto: cecília laszkiewicz

Sobre o autor

Orlando Pedroso é artista gráfico e ilustrador, trabalhou com praticamente todas as publicações da grande imprensa. Foi colaborador da Folha de S. Paulo de 1985 a 2011. Ilustrou mais de 60 livros infanto-juvenis e é co-autor de “Livro dos Segundos Socorros” e “Não Vou Dormir” – finalista do prêmio Jabuti de 2007 nas categorias “ilustração” e “melhor livro”. Foi vencedor do Prêmio HQ Mix de melhor ilustrador nos anos de 2001, 2005 e 2006. Expôs nas mostras individuais como “Como o Diabo Gosta”(1997) , “Olha o Passarinho!”(2001), “Uns Desenhos” e “Ôtros Desenhos” (2007). Em 2008, faz uma exposição retrospectiva de 30 anos de trabalho como artista convidado do 35º Salão de Humor de Piracicaba.- É autor dos livros Moças Finas, Árvres e do infantil Vida Simples, e membro do conselho da SIB – Sociedade dos Ilustradores do Brasil.

Sobre o blog

Este blog trata de artes gráficas, ilustração, cartum, quadrinhos e assuntos aleatórios.

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