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vc tem até sábado para conferir exposição "fantasma" de fabio zimbres em são paulo

Orlando

24/04/2017 21h29

vc tem até o dia 29 de abril, sábado, para conferir mais um capítulo da brilhante carreira do artista paulistano radicado em porto alegre, fabio zimbres.
fanzineiro, editor, ilustrador, quadrinista, artista gráfico, artista plástico e pensador da profissão do desenhista, ele traz a sp, através da galeria bolsa de arte, a exposição fantasma que impressiona pela paixão pelo desenho, pelo uso de suportes não convencionais e, claro, por ter a cara do artista.
quem conhece o fabio como editor da revista animal ou quadrinista da chiclete com banana ou folha de s. paulo, pode ver e sentir como horizontes e invenções podem dar certo quando a liberdade e a curiosidade são os motores impulsores do trabalho.
a galeria, na vila madalena, em são paulo, é ampla, charmosa, confortável e abriga de forma respeitosa os cerca de 20 trabalhos que insistem em ter tamanhos diferentes, técnicas diferentes mas unidade mesmo quando fragmentadas.
abaixo, entrevista com o semi gaúcho:

blogdoorlando – vc, como artista gráfico, de certa forma sempre flertou com
as artes plásticas. como vc encara esse trânsito?
Fabio Zimbres – Nunca levei muito a sério a separação entre entre artes
gráficas e artes plásticas, ou como chamam hoje em dia, artes visuais.
Grande parte do que se estuda hoje em dia na história da Arte vem de
trabalhos gráficos ou são trabalhos encomendados como acontece hoje em
dia na ilustração. Então eu considero esse trânsito como uma
movimentação dentro de um grande território chamado Arte, na falta de
outro termo.

blogdoorlando – essa não é sua primeira individual. qual a diferença com
relação às outras?
Fabio Zimbres – Antes das diferenças, as semelhanças: todas partiram do
caos em busca de uma organização e acabaram se resolvendo numa
diagramação que não é muito diferente de como se constrói um livro ou
uma história em quadrinhos. Todas tb tentaram se valer da
especificidade do meio, ou seja, uma exposição é um contato direto de
uma pessoa com um conjunto de obras e assim, as obras foram feitas
levando em consideração esse contato direto, sem intermediação de foto
e impressão, ou seja, é quem vê diante de uma coisa que ele pode se
aproximar, se afastar, perceber detalhes que num livro não existem. Os
trabalhos acabam virando objetos tanto quanto imagens. Outra
característica comum é que as exposições funcionam como um
instantâneo, uma foto de onde estou naquele momento. Essa também é
assim. Por outro lado as outras se valeram de trabalhos mais diversos,
que eu tinha feito com objetivos muito distintos, que já existiam
antes da ideia de  exposição. Essa exposição é resultado de um esforço
mais concentrado aplicado num período mais curto de produção com um
fim em mente.

blogdoorlando – tem tela, tem papel, tem chapas de metal e formatos variados.
a exposição foi pensada como um todo ou é um ajuntamento de trabalhos
independentes uns dos outros?
Fabio Zimbres – A diversidade de suporte vem da necessidade de criar
objetos interessantes. De serem vistos e tb de serem criados.
Superfícies novas me estimulam. Antes de montar e diagramar a
exposição eu achava que o resultado seria bem esquizofrênico mas a
medida que fui diagramando fui percebendo uma coerência. O resultado
final me sugeriu uma certa concentração e clareza que eu não
percebia antes, no momento do caos. Isso me surpreendeu e foi
interessante porque me deu a ideia de algo trabalhando paralelamente
em minha cabeça a medida que eu era atraído por ideias bem
contraditórias enquanto produzia. Tinha medo dessa exposição não ser
muito diferente da anterior, Obra, de 2012, por achar que o processo
caótico em que eu me meti estava muito semelhante ao das exposições
anteriores mas depois de me afastar um pouco e ver o conjunto percebi
que apesar do processo semelhante parecia que eu estava em outro lugar
realmente e o resultado tinha outro peso.

blogdoorlando – e qual sua relação com a bolsa de arte?
Fabio Zimbres – Ela me representa em Porto Alegre e São Paulo. Em maio
faço outra exposição em Porto Alegre, com alguns trabalhos da Fantasma
e outros.

blogdoorlando – vários desenhistas como o adão, o jaca e o odyr têm migrado
para a tela e para as paredes.
vc vê isso como uma tendência ou é uma opção para a secura do ramo
editorial?
Fabio Zimbres – A lista é bem longa, várias pessoas estão ignorando
essas fronteiras. Não consigo discernir um motivo comum ou um objetivo
em comum entre os vários artistas que resolveram pintar ou produzir
obras únicas depois de uma carreira editorial, ou seja, criando
imagens para serem reproduzidas. Em 2002, por aí, montei uma exposição
na galeria Obra Aberta (em Porto Alegre, que infelizmente não existe
mais) atendendo convite de Carlos Pasquetti chamada "Ed Tonto
apresenta desenhos nunca vistos" cujo sentido era justamente mostrar
como os desenhistas que eram publicados pela editora Tonto (daí o 'Ed
Tonto') faziam muita coisa além dos quadrinhos, ilustrações e
trabalhos encomendados ou feitos para veiculação impressa (daí o
'desenhos nunca vistos', já que não circulavam). Havia de tudo:
tecidos gigantes pintados pelo MZK, livros de artista do Elenio Pico e
Schiavon, objetos 3D feitos pelo Eduardo Oliveira, animações
experimentais feitas por Diego Bianchi, Jaca e outros, além de
pinturas e objetos estranhos do Jaca. Quer dizer, esse processo é
antigo. E o Jaca é o maior exemplo de alguém que ignorava essas
fronteiras. O que vale é a invenção que vc incute no que vc faz, seja
ilustração editorial ou um painel. Se vc faz isso, uma ilustração
feita sob encomenda com um tema X vai transcender esse tema, o meio em
que foi publicado e vai ter uma vida autônoma além desse meio. Fazer
telas ou pintar sobre superfícies inusitadas é um passo natural para
um artista como o Jaca se vc presta atenção no que ele fazia antes
numa folha de jornal. E é assim para várias outras pessoas, suponho.

 

serviço:

Exposição: Fantasma
De: Fabio Zimbres
Onde: Galeria Bolsa de Arte
Rua Mourato Coelho, 790 | Vila Madalena | CEP 05417-001 | São Paulo | SP
(11) 3097-9673
Segunda a sexta: 10h às 19h. Sábado: 10h às 17h.

http://www.bolsadearte.com.br/site/pt/

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Sobre o autor

Orlando Pedroso é artista gráfico e ilustrador, trabalhou com praticamente todas as publicações da grande imprensa. Foi colaborador da Folha de S. Paulo de 1985 a 2011. Ilustrou mais de 60 livros infanto-juvenis e é co-autor de “Livro dos Segundos Socorros” e “Não Vou Dormir” – finalista do prêmio Jabuti de 2007 nas categorias “ilustração” e “melhor livro”. Foi vencedor do Prêmio HQ Mix de melhor ilustrador nos anos de 2001, 2005 e 2006. Expôs nas mostras individuais como “Como o Diabo Gosta”(1997) , “Olha o Passarinho!”(2001), “Uns Desenhos” e “Ôtros Desenhos” (2007). Em 2008, faz uma exposição retrospectiva de 30 anos de trabalho como artista convidado do 35º Salão de Humor de Piracicaba.- É autor dos livros Moças Finas, Árvres e do infantil Vida Simples, e membro do conselho da SIB – Sociedade dos Ilustradores do Brasil.

Sobre o blog

Este blog trata de artes gráficas, ilustração, cartum, quadrinhos e assuntos aleatórios.

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