de que lado a imprensa está? não do nosso, parece.
a revista veja desta semana nos trouxe, além da capa falando sobre a troca de mensagens entre empreiteiros que cuidaram das reformas do apartamento e do sítio do "chefe e da madame", um editorial com o título "de que lado está a veja?".
o texto mostra o quanto as pessoas detestam a revista por ela ser de direita, de esquerda, radical ou moderada conforme avaliação de seus leitores ou detratores.
defende que sua linha editorial é pautada pela missão de informar, noticiar fatos e que tem só um lado: a defesa intransigente do brasil.
para ilustrar o texto, numa livre leitura de uma campanha publicitária dos anos 90, conclui: "incrível que seja a maior revista do país, mesmo desagradando tanta gente."
bem, desagradar tanta gente tem sido a missão de boa parte da imprensa seja ela a mídia golpista ou blogs alternativos. em tempos em que todo mundo desagrada todo mundo, o noticiário tem feito sua parte.
mas eu sou um romântico e fico sempre tentando achar o lado positivo das coisas.
na contra-mão, assino publicações, tenho conta na banca na esquina de casa, assisto a jornais de tv e pulo de canal em canal na internet para entender essa pluraridade.
vou sempre defender os jornalistas que passam meses em cima de uma única pauta esmiuçando documentos, procurando pelo faro onde é que está a ponta do nó. e isso só é possível estando ligado a um grande órgão que banque esse tempo todo de investigação.
vou defender aqueles que têm fontes – geralmente profissionais que se desligaram dos jornalões – e que continuam tendo acesso aos bastidores.
e vou defender uma garotada que vai na base da guerrilha formar barricadas e captar o outro lado com câmeras digitais no meio de conflitos urbanos, por exemplo.
mas, voltando à veja desta semana, minha expectativa era como ela trataria o caso fhc.
não quero notícias sobre o filho, não quero ponderações sobre as declarações de mirian dutra, nem se ela passou apuro nem como era sua relação com o ex-presidente.
tudo o que eu esperava era que a revista colocasse na pauta que o dinheiro enviado a ela ou ao filho talvez tivesse trilhado esquemas da brasif de forma ilegal e que isso deveria ser investigado.
ao contrário do que diz o editorial, a revista não zelou por sua missão de informar. sobre fhc nenhuma linha. nada, zero.
se bato palmas para as matérias investigativas (ah, agora vou escutar aquele blablablá infinito de que a veja não faz jornalismo, coisas da mídia golpista e o escambau…) me vejo na obrigação de me sentir lesado pela promessa não cumprida.
quem é o joão santana da veja? quem é esse marqueteiro que escreve um editorial desse querendo vender honestidade quando suas páginas refletem exatamente o contrário.
fhc pode ser inocente. lula, dilma, cunha, maluf, todos podem ser inocentes mas a imprensa, mais do que a vocação, tem obrigação de duvidar e ir atrás.
admiro os profissionais que passam meses mergulhados em pautas seguindo pistas e unindo pontos. admiro a imprensa que investe grana e paciência atrás de furos.
cabe aos editores – e aqui falamos de todos eles – fazer esse dinheiro empenhado valer trazendo luz aos fatos e reconquistando uma credibilidade que se esvai pelo ralo.
na pior das hipóteses, se não houver nada o que fazer, evitar certo tipo de editorial numa edição que, publicamente, lhe desmente.
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