o desenho continua sendo o suporte para uma idéia
semanas atrás conheci na flip o ilustrador português joão vaz de carvalho, que lançava o livro "a avó adormecida", com texto de roberto parmeggiani. ele veio ao brasil a convite da editora dsop.
simpático e cordial, se mostrou preocupado com a situação do mercado.
ele tem um trabalho primoroso e artesanal. tinta, pincel, ângulos inusitados e aquele cheirinho bom da tradição européia do desenho.
mas eis que a questão dele é exatamente essa. estaria esse tipo de trabalho fora de moda? estaria ultrapassado? deveria ele migrar para o computador?
essa é uma questão que passa pela cabeça de centenas de ilustradores do planeta.
até onde o computador pode favorecer ou benificiar um artista?
que o computador é uma ferramenta maravilhosa, não há dúvidas. mas daí ele ser um tipo de ditador que se impõe como única alternativa, há uma distância.
no brasil temos artistas como fernando vilela, odilon moraes, ionit, samuel casal que investem no processo artesanal do desenho, do recorta e cola, do cava e imprime, da sucata, etc.
o computador deveria ser só mais uma ferramenta.
ironicamente, eu estava na flip fazendo o caminho inverso.
a pedido do uol, estava lá para fazer uma cobertura visual do evento e, para isso, escolhi desenhar num ipad, instrumento com o qual minha intimidade era perto do zero.
tenho um ipad há cerca de um ano, um ano e pouco e o máximo que havia feito era alguns poucos rabiscos pra ver qual era. mas minha curiosidade sempre esbarra numa preguiça monumental de descobrir ferramentas, atalhos e todas essas coisas que fazem os olhos da meninada brilharem.
já falei aqui que só atualizo sistemas e programas quando chego perto de ficar incomunicável com os colegas. gosto de saber onde estão os pincéis e traquitanas e detesto que mudem tudo de lugar a cada atualização.
bom, tive perto de um mês para descobrir como o sketchbook pro funcionava, como eu lidaria com ele, que cara eu queria dar aos desenhos e, pior, como enviaria as artes a partir da tenda onde as palestras estariam acontecendo.
e eu não sou muito esperto para essas coisas, confesso, mas assuntando aqui e ali, fui achando um jeito, uma forma de trabalhar que eu pudesse me sentir confortável.
neste ponto, volto ao português joão vaz. acho que todos devemos trabalhar de forma confortável. manual ou digitalmente, tanto faz.
o desenho continua sendo o suporte para uma idéia, uma emoção e tem, para os profissionais, a obrigação de transmitir algo além do que os olhos podem ver.
portanto, tinta ou pixels, tanto faz. o que importa, de verdade, é o desafio.
abaixo, alguns desenhos feitos na tentativa de domar o ipad e do trabalho na flip:
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