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campanha política aposta num brasil x brasil que ninguém merece

Orlando

17/06/2014 09h26

Luli

cartum de luli penna publicado na folha ilustrada do dia 16.06.2014

há quase um ano e meio o ex-presidente lula iniciou a campanha política pela re-eleição da presidente dilma.
possivelmente ele tinha duas certezas: a economia do país continuaria nos trilhos e poucos partidos teriam fôlego para aguentar tanto tempo de corrida.
errou na primeira, acertou na segunda mas pouco adiantou.

aécio foi referendado como postulante à presidência pelo psdb. nenhuma surpresa na candidatura ou no discurso.
falou de tsunamis e tomou o troco no discurso de lula na apresentação de padilha como candidato a governador do estado de são paulo.
aécio falou sobre o legado de fhc e lula falou sobre a herança maldita do mesmo.
dilma foi vaiada (não, foi xingada) e houve o coro dos prós e contras.
não se xinga uma mulher mãe e avó, gritou alguém ali no meio da turba. se fosse um presidente do gênero masculino poderia?
o mesmo público que a xingou canta o hino nacional à capela e entona o "sou brasileiro com muito orgulho…" inclusive nas partidas em que o brasil não joga.
um paradoxo. são contra ou a favor do brasil, afinal?
ou só estão sinalizando que algo não vai tão bem?

mas o que eu queria mesmo dizer é que começamos uma outra etapa da corrida à presidência e ela tende a se repetir. copy/paste das anteriores.
um mi-mi-mi sem tamanho, com candidatos se atacando pessoalmente e pouquíssima possibilidade de termos algum projeto futuro de país no papel.
não temos água na cantareira e nem na transposição do s. francisco e sem querer embolar o discurso, o que fica muito claro é que teremos, de novo (e de novo, e de novo…) outra campanha cheia de promessas rascunhadas por marqueteiros sem nenhum compromisso com o país.

lula, como bom centro-avante, toma para si a responsabilidade de levar seus pupilos ao podium e abre fogo novamente.
abre fogo contra a elite branca que banca as campanhas de seu partido, que paga impostos, que investe (vá lá, bem ou mal) na economia e que paga suas palestras brasil afora.
não seria ele mesmo parte dessa elite no mesmo tanto que aécio, fhc, collor, sarney, eduardo campos e tantos outros que orbitam ou orbitaram por brasília?
e que negócio é esse de que governo é para um e não para outros?

se poderia existir um mérito no discurso de um político é o de que todos são iguais perante a lei e o poder público. ricos e pobres deveriam ter os mesmos direitos e deveriam ter do estado educação, saúde e segurança, por exemplo. e deveriam ter as mesmas oportunidades sem que o estado interferisse.
o discurso do ex-presidente lula é separatista. ricos de um lado (como se ele e seus colegas não o fossem) e pobres/miseráveis do outro.
governo deveria ser igual e respeitoso para com todos.
em sua entrevista na revista carta capital da semana retrasada, ele admite que a classe média foi esquecida pelo governo do pt.
esse, provavelmente seja o grande dos próximos pleitos.
o vídeo que mostra marilena chauí dizendo que "detesta a classe média" é risível. lula e amigos aplaudindo é emblemático.
miseráveis tiveram ganhos significativos assim como os muito ricos.
pobres e classe média se encontraram na nova classe c com ganhos para um lado e perdas para o outro.

nas redes muito se falou sobre a complexo do vira-lata, descrição que nelson rodrigues usou para mostrar a "coitadez" do povo brasileiro.
a campanha do pt me pareceu assumir essa posição, a do partido, coitadinho, que toma coça do burguês e da imprensa.
parece pouco para quem diz que mudou o país.

o discurso do ex-presidente lula fala de vingança, desune e faz com que, em plena copa, exista um brasil x brasil que ninguém merece.
vingança não parece ser um bom sentimento neste momento em que a guerra mal começou.

 

 

 

 

 

 

 

 

Sobre o autor

Orlando Pedroso é artista gráfico e ilustrador, trabalhou com praticamente todas as publicações da grande imprensa. Foi colaborador da Folha de S. Paulo de 1985 a 2011. Ilustrou mais de 60 livros infanto-juvenis e é co-autor de “Livro dos Segundos Socorros” e “Não Vou Dormir” – finalista do prêmio Jabuti de 2007 nas categorias “ilustração” e “melhor livro”. Foi vencedor do Prêmio HQ Mix de melhor ilustrador nos anos de 2001, 2005 e 2006. Expôs nas mostras individuais como “Como o Diabo Gosta”(1997) , “Olha o Passarinho!”(2001), “Uns Desenhos” e “Ôtros Desenhos” (2007). Em 2008, faz uma exposição retrospectiva de 30 anos de trabalho como artista convidado do 35º Salão de Humor de Piracicaba.- É autor dos livros Moças Finas, Árvres e do infantil Vida Simples, e membro do conselho da SIB – Sociedade dos Ilustradores do Brasil.

Sobre o blog

Este blog trata de artes gráficas, ilustração, cartum, quadrinhos e assuntos aleatórios.

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