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bruno porto mostra em livro que o botafogo e xangai têm tudo a ver

Orlando

20/05/2014 08h00

bruno porto é carioca, designer, ilustrador, agitador e botafoguense. morou por 5 anos em xangai onde, além de dar aulas, colecionava histórias e inventava outras.
depois de escrever 5 livros tratando sobre design, se aventura pela ficção (ou história?) e se deixa levar por seu amor pelo time da estrela solitária no livro "como o botafogo conquistou a china".
até que se prove o contrário, tudo no livro é verdade.
com a ajuda dos loucos pelo xangai fogo, o time carioca passa, provavelmente, a ter a maior torcida do mundo.
o livro será lançado hoje em são paulo.

Capa COMOOBOTAFOGO 3Dabaixo, entrevista com o goleador:

blogdoorlando – como bruno porto conquistou a ficção?
Bruno Porto – Cheguei a considerar colocar na quarta capa aquela frase do Mario Quintana: "A mentira é uma verdade que se esqueceu de acontecer". É certo que no "Como o Botafogo conquistou a China" há uma coisa ou outra romanceada, principalmente para efeitos de clareza, mas fiz as contas e vi que uns 108% do livro são verdadeiros. Tanto que a editora insistira em classificá-lo como "Ficção" apenas para evitar processos ou uma bala na nuca quando o lançarmos na China. Mas na própria ficha catalográfica o livro é de "História"! Portanto, não se deixe levar por rótulos: ficção ou não-ficção são apenas dois lados da mesma moeda. E as moedas, assim como a História, são contadas pelos vencedores.

Saldanha

blogdoorlando – fora o fato de vc ser botafoguense e ter morado na china, deve ter havido uma outra motivação para escrever um livro como esse, não?
Bruno Porto – Tenho dito que é para ficar rico, pois com 618 milhões de sinobotafoguenses, vou conseguir juntar uma boa bolada só nas vendas dos ebooks e do direitos para o cinema – isto é, antes dos piratas chineses inundarem o mercado com suas cópias baratas. Mas confesso que essa não é toda a verdade. Fiz mesmo para driblar o editor Julio Silveira, que há anos insiste para eu transformar o blog que mantive enquanto vivi na China (2006-2012), O Loto Azul, em livro. Já deu até título: Atribulações de um Designer na China, baseado no livro do seu xará Julio Verne Tribulations of a Chinaman in China. De tanto me pedir, mandei o manuscrito deste livro sobre a Xangai Fogo para ele achando que iria achar uma idéia maluca e desistir disso mas me dei mal: além de ser apaixonado pela China e falar Mandarim, Julio é botafoguense. Agora tenho mesmo que escrever o Atribulações…

photo 3

blogdoorlando – como foi feita a pesquisa?
Bruno Porto – A maior parte das entrevistas, consultas a documentos e fotos de acervos de colecionadores aconteceu enquanto morava lá, e muita coisa foi publicada n'O Loto Azul (que já saiu do ar). Cheguei mesmo a vivenciar alguns dos episódios mais recentes descritos no livro, como os surpreendentes convescotes da Xangai Fogo no Shanghai Exhibition Center que semanalmente juntam de 6 a 10 mil torcedores – e isso quando não é dia de jogo! Uma das vitórias do livro foi ter trazido à luz informações sobre a China que nem os próprios chineses conheciam, como o mítico Nanking Football Club, time fundado em 1930 por um inglês de Manchester em Nanquim, então capital do Império do Centro. O uniforme com listras preta-e-brancas e a estrela solitária como escudo foram a chave para entender a fascinação dos chineses pelo Botafogo. Como a cidade foi devastada pelos japoneses em 1937, restaram poucos registros do time na China. Obtive fotos e cartas da época trocando correspondência com descendentes de alguns jogadores europeus do clube, em Portugal e na Inglaterra – que ficaram tão animados a ponto de quere fazer um lançamento do livro na Europa, provavelmente em Manchester! No Brasil mesmo só fui mais a fundo na questão dos telegramas secretos entre Mao Zedong e Juscelino Kubitscheck, nos quais Mao propunha apoiar oficialmente a Seleção Brasileira no Mundial de 1962 desde nela que fossem mantidos os jogadores alvinegros Garrincha, Nilton Santos, Didi, Amarildo e Zagalo.

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blogdoorlando – inventar histórias que cruzam fatos verídicos deve ter sido bem divertido…
Bruno Porto – Não sei se chamaria de "inventar", apenas apliquei um raciocínio sherlockiano na interpretação dos fatos, que, aliás, são amplamente comprováveis. Como dizia o famoso detetive inglês, elimine o impossível, e o que restar, por mais improvável que pareça, deve ser verdade. "Como o Botafogo conquistou a China" segue a mesma linha do best seller "1421 – O ano em que a China descobriu o mundo", escrito pelo oficial reformado da Marinha britânica Gavin Menzies, que aponta evidências de uma impensável exploração do globo pelas frotas marítimas chinesas no século 15. Mesmo embasadas por profundas pesquisas históricas, ambas narrativas podem ser consideradas disparates por historiadores profissionais que não possuem mentes abertas nem jogo de cintura. Estes tampouco achariam Garrincha apto a jogar bola.

ilustração de carlos porto

ilustração de carlos porto

blogdoorlando – vc fez o projeto gráfico também?
Bruno Porto – Inicialmente pensei o projeto pensando um ilustrar eu mesmo todas as passagens que não possuíssem referências fotográficas, mas logo abandonei esta idéia, me cercando de alguns dos mais talentosos profissionais do mercado. E, coincidentemente, são todos botafoguenses. Victor Marcello assina uma icônica interpretação do Shanghai Exhibition Center, que dialoga com a ilustração que fiz do tradicional cinema Cathay, para onde o filme "Heleno – O Príncipe Maldito" arrastou milhões de chineses quando exibido no Festival Internacional de Cinema de Xangai de 2012. Felipe Muanis e meu primo Pedro Porto – autor das ilustrações da coleção de garrafinhas da Coca-Cola desta Copa do Mundo – criaram dois momentos de um dos principais personagens desta epopeia: o lateral esquerda do Nanking Football Club Ping Li, retratado por eles em 1930 e 1949. E tive o privilégio de incluir também um desenho de meu pai, Carlos Porto, o primeiro publicado em mais de trinta anos: nos anos 1970 e 1980 ele costumava ilustrar para O Globo, Jornal do Brasil e revistas como Status e Ele&Ela. De lá para cá dedicou-se apenas a arquitetura, projetando umas coisinhas aqui e outra ali, como o Estádio Olímpico João Havelange, o Engenhão. Até a foto do autor foi feita por um botafoguense, Nick El-moor, no boteco Só Drink's, ponto de encontro dos alvinegros em Brasília. Só não sei se os designers das fontes que usei – Ninfa Serif, do curitibano Eduilson Coan, e Directa Serif, do capixaba Ricardo Esteves – torcem pelo Botafogo, mas que ficam lindas em preto-e-branco, ah isso ficam!

ilustração de felipe muanis

ilustração de felipe muanis

blogdoorlando – quem vai ganhar a copa?
Bruno Porto – O Botafogo.

 

e_Convite Como o Botafogo conquistou a China

booktrailler:
https://vimeo.com/94698740

 

serviço:
Como o Botafogo conquistou a China
de Bruno Porto
Imã Editorial
capa dura
96 pgs,
R$25 (preço promocional de lançamento)
http://www.imaeditorial.com
20.05.2014
Bar S. Cristovão
R. Aspicuelta, 513
Vila Madalena – SP – SP

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quem é bruno porto:
Como pode se suspeitar, é botafoguense de berço, filho do arquiteto Carlos Porto, autor do projeto do Estádio Olímpico João Havelange, o Engenhão, e sobrinho do veterano jornalista esportivo Roberto Porto, autor de livros como "O Maior Botafogo de Todos os Tempos", "Botafogo – O Glorioso", "Botafogo: 101 anos de histórias, mitos e superstições" e "Didi – Treino e Treino Jogo e Jogo". O prefácio de Como o Botafogo conquistou a China é assinado por seu primo Roby Porto, locutor esportivo da Sportv e Rede Globo. Além de imagens de arquivo da Xangai Fogo e de colecionadores chineses, o livro conta também com ilustrações do próprio autor, Felipe Muanis, Carlos Porto, Victor Marcello, Sam Moon e Pedro Porto.

 

 

 

 

 

 

 

Sobre o autor

Orlando Pedroso é artista gráfico e ilustrador, trabalhou com praticamente todas as publicações da grande imprensa. Foi colaborador da Folha de S. Paulo de 1985 a 2011. Ilustrou mais de 60 livros infanto-juvenis e é co-autor de “Livro dos Segundos Socorros” e “Não Vou Dormir” – finalista do prêmio Jabuti de 2007 nas categorias “ilustração” e “melhor livro”. Foi vencedor do Prêmio HQ Mix de melhor ilustrador nos anos de 2001, 2005 e 2006. Expôs nas mostras individuais como “Como o Diabo Gosta”(1997) , “Olha o Passarinho!”(2001), “Uns Desenhos” e “Ôtros Desenhos” (2007). Em 2008, faz uma exposição retrospectiva de 30 anos de trabalho como artista convidado do 35º Salão de Humor de Piracicaba.- É autor dos livros Moças Finas, Árvres e do infantil Vida Simples, e membro do conselho da SIB – Sociedade dos Ilustradores do Brasil.

Sobre o blog

Este blog trata de artes gráficas, ilustração, cartum, quadrinhos e assuntos aleatórios.

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