sou classe média, diz caetano veloso

alguma coisa está fora da ordem. da nova ordem mundial, pelo menos no discurso.
o governo tem se esforçado em mostrar o quanto a vida das pessoas melhorou e o quanto o país trabalha para que os índices melhorem.
para o governo, qualquer pessoa que ganhe um pouco mais de mil reais já faz parte da classe média mesmo que as pesquisas mostrem que o salário mínimo deveria já ter ultrapassado os dois mil.

ontem, a capa do caderno ilustrada, da folha, traz uma boa entrevista com caetano veloso.
ele fala da beleza da palavra rolezinho e do que significa esse movimento para dentro dos shoppings.
fala sobre o procure saber e a polêmica com relação às biografias não autorizadas.
disse que, mesmo sendo contra a censura, apoiou a posição de roberto carlos. se sentiu mal quando rc pulou do barco, defendeu paula lavigne.

quando falou sobre os black blocs, disse que não gosta de violência, que o movimento é ingênuo, inevitável e que pode desencadear outras manifestações neste ano de copa.
"sou classe média e gosto de paz e sossego", disse.

péra!
se caetano é classe média, a recém ungida classe c despenca lá pras bandas das letras x, y ou z.
caetano recebe até 600 mil por shows bancados pelo governo. o mesmo que diz que milão já te bota na classe média. acho que precisam acertar o discurso.
matéria do o globo diz que paula lavigne colocou à venda um apartamento do ex-casal em ipanema por 37 milhões.
nada mais classe média do que isso, não?
deve estar vendendo para cobrir o cheque especial…

não se pode dizer que esse povo todo que se equilibra na corda bamba dos cartões e crediários seja classe média. não se pode dizer que caetano também o seja.
convenientes e distorcidos, os discursos de ambos, governo e artista, servem somente para maquiar uma situação que salta a nossos olhos.
de um lado o falso progresso, de outro uma falsa humildade.
nenhuma delas cabe mais.
mas concordo com caetano em uma coisa. rolezinho é uma palavra linda.