paulo ramos lança dois livros teóricos neste sábado na comix, em sp
paulo ramos ficou conhecido entre os desenhistas principalmente pelo seu trabalho editando o blog dos quadrinhos hospedado no uol.
ali, quadrinistas e fans tiveram a oportunidade de conhecer uma infinidade de lançamentos e novidades que o pesquisador e estudioso compilou, criticou e avaliou.
ganhador de 5 prêmios hq mix, lança neste sábado mais dois livros. até o fim do ano lança mais um que tratará das "tiras livres", como chama as publicadas por laerte na folha de s. paulo.
abaixo, entrevista com paulo ramos:
blogdoorlando – paulo, como vc se aproximou do mundo dos quadrinhos e quando?
Paulo Ramos – A aproximação aconteceu antes mesmo de eu aprender a ler. Costumava ganhar de presente quadrinhos de um primo meu. Foi a primeira porta de entrada. Não parei mais.
blogdoorlando – vc tem se destacado como teórico e crítico de quadrinhos. o que mudou no cenário desde que vc começou?
Paulo Ramos – Houve várias mudanças desde que comecei a mexer diretamente com quadrinhos, em 2006. Tentei explicar várias delas no livro "Revolução do Gibi – A Nova Cara dos Quadrinhos no Brasil", que lancei no ano passado. Em linhas gerais, houve um aumento sensível da autopublicação e da qualidade dessas produções, uma maior difusão dos mangás, o amadurecimento das narrativas gráficas mais longas produzidas por autores nacionais, a difusão enorme de tiras na internet, uma ampliação no número de pesquisas sobre quadrinhos na academia, o interesse de programas governamentais na compra de obras em quadrinhos (com particular predileção pelas adaptações literárias), o patrocínio do Estado na criação e financiamento de álbuns e a chegada das produções quadrinizadas a um ponto de venda até então pouco explorado, as livrarias. Como se vê, houve modificações importantes em diferentes segmentos do setor aqui no país.
blogdoorlando – editoras criaram selos especialmente para lançamentos de quadrinhos e para atender à demanda de compras do governo. na rabeira disso, muitos lançamentos paralelos e muitos independentes.
vc acha que isso é uma bolha ou o mercado está consolidado?
Paulo Ramos – Talvez a melhor expressão para responder a essa sua questão seja "em termos". No caso da autopublicação, já começamos a perceber uma espécie de ajustamento. O ritmo frenético visto nos últimos anos foi substituído por um volume menor de produções, porém mais bem cuidadas. Outro ajuste foi a busca de financiamento para bancar a criação das histórias, caso específico do Catarse, sistema virtual de arrecadação para obras assim. Quanto às compras do governo, tudo indica ser uma bolha. Se o governo federal deixar de comprar adaptações literárias em quadrinhos, por exemplo, esse filão seguramente irá quase sumir. De todo modo, entendo que o ingresso dos quadrinhos nas escolas já seja um fato consumado. Houve lotes e lotes de obras que já foram destinadas a bibliotecas escolares nos últimos anos.
blogdoorlando – vc está lançando dois livros simultaneamente. do que tratam?
Paulo Ramos – Ambos estão relacionados à segunda edição das Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos, congresso acadêmico do qual participamos da organização e que se tornou, para nossa surpresa, o maior sobre o tema na América Latina. "Intersecções Acadêmicas – Panorama das 1as Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos" faz o que o título propõe, uma seleção dos principais trabalhos apresentados na primeira edição do congresso, realizado em 2011, na Universidade de São Paulo. A outra obra, "Os Pioneiros no Estudo de Quadrinhos no Brasil", registra testemunhos inéditos das dificuldades enfrentadas pelos primeiros pesquisadores brasileiros de quadrinhos. Há histórias surreais, como a quase queima de um acervo de 20 mil obras em quadrinhos na USP, na década de 1970. Os dois livros foram doados a todos os que participaram desta segunda edição do congresso. Por isso, estão sendo lançados conjuntamente. Necessário registrar que ambos foram organizados em parceria com os professores Waldomiro Vergueiro e Nobu Chinen.
blogdoorlando – faltavam livros teóricos nas livrarias, não?
Paulo Ramos – Faltavam. Tanto que, por vários anos, as obras de Will Eisner e Scott McCloud eram citadas em trabalhos acadêmicos por serem as únicas disponíveis no mercado – as demais estavam esgotadas. De uns cinco anos para cá, parece ter havido um novo interesse na publicação de trabalhos teóricos sobre o tema, o que considero essencial. Para que os quadrinhos sejam entendidos, é necessário que sejam estudados. Basta ver o quanto se produziu sobre literatura e cinema nos últimos 50 anos. E o quão poucos ainda são os referentes a quadrinhos, numa análise comparativa.
blogdoorlando – vc já se arriscou a fazer quadrinhos?
pretende?
Paulo Ramos – Não. Sei bem o meu lugar, que é o de ler e estudar o tema.
quem é paulo ramos:
Jornalista e professor do Departamento de Letras da Universidade Federal de São Paulo. Possui pós-doutorado em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas. Tem se dedicado nos últimos anos a noticiar e estudar histórias em quadrinhos. Publicou de 2009 para cá nove obras sobre quadrinhos, entre as quais se destacam "A Leitura dos Quadrinhos" (2009), o livro-reportagem "Bienvenido – Um Passeio sobre os Quadrinhos Argentinos" (2010), "Faces do Humor – Uma Aproximação entre Piadas e Tiras" (2011) e "Revolução do Gibi – A Nova Cara dos Quadrinhos no Brasil" (2012). Na imprensa, já atuou nas redações da Folha de S.Paulo, UOL, TV Cultura E TV Tribuna, exercendo diferentes funções: repórter, repórter especial, editor, editor-chefe, âncora de telejornal. Pelo trabalho com quadrinhos, venceu cinco troféus HQMix.
serviço:
Intersecções Acadêmicas – Panorama das 1as Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos e Os Pioneiros no Estudo de Quadrinhos no Brasil
onde: comix bookshop
al itú, 1998 – cerqueira cesar – sp
quando: 28/09/2013 a partir das 14h
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