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a vivo deve ser a empresa mais carente do mundo

Orlando

11/09/2013 09h26

em janeiro a vivo ofereceu um plano de celular com vantagens como minutos e mensagens ilimitados, internet, vivo pra vivo grátis, roaming, etc. não se sabia que os problemas também eram ilimitados.
na primeira fatura, R$6.000 em serviços.
pensei: ôba, finalmente cheguei à nova classe média!

as empresas de telefonia têm encabeçado a lista de reclamações e não sem razão.
os serviços são péssimos e caros. difícil vc conseguir fazer ou receber uma ligação de primeira ou que não caia no meio da conversa.
uma internet movida à lenha só pode dar nos nervos mesmo.

bom, voltando, uma fatura de 6 mil reais só pode estar errada e aí começa a saga. são dezenas de ligações e de protocolos que registram nossas reclamações para nada.
o pessoal gosta tanto de conversar com a gente que a cada transferência ou nova reclamação pede pra vc contar toda a história de novo e de novo.
eles gostam de nos escutar…
meu conselho é que todos compremos um divã e, se ele for entregue em sua residência, aproveite a infinidade de gente pronta para lhe ouvir, deite e comece a contar sua triste sina de assinante da operadora.
falar é um dos processos de compreensão e aceitação, vc sabe. a vivo te dá essa chance.

depois, a vivo pede pra vc ir até a loja.
não acho que eles não possam resolver as coisas pelo telefone. acredito piamente que isso faz parte da estratégia de socialização da empresa.
veja que todas as lojas estão sempre lotadas. pessoas com problemas como os seus.
vc pode encontrar alguém pra desabafar e que vai te entender.
olha a possibilidade de novas amizades!
mas a vivo gosta de vc e depois de horas lhe proporcionando tanto convívio, ainda põe um atendente à disposição.
esse atendente, sempre muito solícito, não vai encontrar nenhuma das histórias que vc contou pelo telefone. vc conta tudo de novo e ele lhe dá uma sugestão que, claro, será diferente de tudo o que foi dito até agora e que, claro, não vai resolver nada. ou, melhor, vai lhe criar novos dilemas e desafios.
vc só vai descobrir isso na próxima fatura e começa-se tudo de novo.

em busca de outras alternativas terapêuticas, vc pede para falar com a ouvidoria. gentil, ela pede que vc aguarde a análise e um retorno que não vem.
compreensivo e sem querer dar pinta de ansioso, vc espera mais um ou dois dias.
preocupado se aconteceu algo que não tenha se dado conta pelo noticiário, vc liga pra vivo.
– tá tudo bem?
– ah, sim, obrigado pela sua ligação. ela é muito importante para nós.
vc se sente feliz por isso! atrás daquele aparelho existe alguém que precisa de vc também!

vc volta à terra com a informação de que não há nada a ser feito para resolver o problema.
como assim?
ah, a ouvidoria só levanta o problema, não resolve.
cá entre nós, todo mundo tem um dia daqueles, né?
esse parece ser um e a ouvidora, depois de dizer que não pode resolver nada manda um:
– posso ajudar em mais alguma coisa?
– claro! me passe para alguém que resolva!

aí vc fala com mais alguns atendentes, com outra ouvidora, anota protocolos, recebe um torpedo com esses números, recebe a sugestão de que vc vá até a loja mais próxima, consegue uma mudança de data para essa fatura errada, recebe um torpedo dizendo que vc está em falta com o pagamento, conta a história de novo e não tem nada resolvido.

e isso, eu sei, é só um truque.
a vivo gosta de ter vc perto, gosta de falar com vc, gosta da sua atenção.
mais que gostar, ela ama!

a gente deveria agradecer por isso.

Sobre o autor

Orlando Pedroso é artista gráfico e ilustrador, trabalhou com praticamente todas as publicações da grande imprensa. Foi colaborador da Folha de S. Paulo de 1985 a 2011. Ilustrou mais de 60 livros infanto-juvenis e é co-autor de “Livro dos Segundos Socorros” e “Não Vou Dormir” – finalista do prêmio Jabuti de 2007 nas categorias “ilustração” e “melhor livro”. Foi vencedor do Prêmio HQ Mix de melhor ilustrador nos anos de 2001, 2005 e 2006. Expôs nas mostras individuais como “Como o Diabo Gosta”(1997) , “Olha o Passarinho!”(2001), “Uns Desenhos” e “Ôtros Desenhos” (2007). Em 2008, faz uma exposição retrospectiva de 30 anos de trabalho como artista convidado do 35º Salão de Humor de Piracicaba.- É autor dos livros Moças Finas, Árvres e do infantil Vida Simples, e membro do conselho da SIB – Sociedade dos Ilustradores do Brasil.

Sobre o blog

Este blog trata de artes gráficas, ilustração, cartum, quadrinhos e assuntos aleatórios.

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