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dia do desenhista é tão inútil quanto dia do índio

Orlando

15/04/2013 19h35

como diz meu amigo efraim rodrigues, se vc precisa de um dia pra chamar de seu, é melhor começar a se preocupar.
assim como o dia do índio e o dia da árvore, o dia do desenhista não quer dizer absolutamente nada.
provavelmente, nesse dia, assim como a maior parte de outros brasileiros, índios e árvores, desenhistas passaram o dia tentando salvar a própria pele e pagando contas.
não houve banda, nem haverá pronunciamentos, nem salva de fogos. não haverá bloco especial no jornal nacional ou no fantástico.
alguns, cheios de timidez, tentaram puxar um modesto parabéns pelas redes sociais mas o coro foi tão baixinho que mais parecia um chiado de asma.
maldade…
desenhistas – seja lá em qual área atuem – passaram o seu dia como em qualquer outro: ralando em cima de sua prancheta ou na frente de seu computador e aquela velha piada de "que desenhista não trabalha, se diverte" não cola mais.
talvez desenhistas sejam realmente indispensáveis no mundo, talvez tenham mesmo importância social e cultural, que determinem quais lembranças imagéticas as crianças levarão para o resto da vida. pode ser que o trabalho dos desenhistas alegre a vida das pessoas e que eles inventem mundos, histórias, revelem paixões e informem.
estão aí os livros, os games, filmes, quadrinhos, animações, cenários, etc, para provar que sim.

hoje o desenhista precisa ser seu patrão, seu gerente, seu rp e rh. precisa saber de economia, orçamentos, hardwares, softwares, ter noções de futurologia, de vendas, saber cumprir prazos e aceitar refações pedidas por exigências cada vez menores.
por outro lado, provavelmente, nunca tiveram tantas possibilidades e facilidades de criação como hoje. resta saber onde e como usar isso.

e todos aqueles que desenham, que inventam histórias e colorem o mundo, têm mais um desafio: entender onde estão neste esquisito começo de século XXI e tentar desenhar um futuro onde possam viver disso, felizes e tranqüilos não trabalhando mas, só desenhando.
como na velha piada.

Sobre o autor

Orlando Pedroso é artista gráfico e ilustrador, trabalhou com praticamente todas as publicações da grande imprensa. Foi colaborador da Folha de S. Paulo de 1985 a 2011. Ilustrou mais de 60 livros infanto-juvenis e é co-autor de “Livro dos Segundos Socorros” e “Não Vou Dormir” – finalista do prêmio Jabuti de 2007 nas categorias “ilustração” e “melhor livro”. Foi vencedor do Prêmio HQ Mix de melhor ilustrador nos anos de 2001, 2005 e 2006. Expôs nas mostras individuais como “Como o Diabo Gosta”(1997) , “Olha o Passarinho!”(2001), “Uns Desenhos” e “Ôtros Desenhos” (2007). Em 2008, faz uma exposição retrospectiva de 30 anos de trabalho como artista convidado do 35º Salão de Humor de Piracicaba.- É autor dos livros Moças Finas, Árvres e do infantil Vida Simples, e membro do conselho da SIB – Sociedade dos Ilustradores do Brasil.

Sobre o blog

Este blog trata de artes gráficas, ilustração, cartum, quadrinhos e assuntos aleatórios.

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