marco feliciano deveria ser só o primeiro

a campanha para defenestrar o presidente da comissão de direitos humanos, marco feliciano, continua a mil.
artistas juntam-se ao coro dos descontentes e se manifestam publicamente contra o pastor.
enquanto cidadãos exercem seu direito de reclamar e exigir sua saída, ele exerce o seu de ficar e diz que só sai morto. se fazendo de cristo, diz que está sendo pregado na cruz injustamente.
é verdade que a fé não é impeditivo – e nem deveria – para que qualquer pessoa exerça atividades privadas ou públicas desde que, evidentemente, ela não interfira e vá contra o bem comum.
evangélicos, grosso modo, não defendem nada muito diferente de outras religiões. praticamente todas são contra as relações homoafetivas, contra o aborto, camisinha, etc. são os mesmos dogmas defendidos pela igreja católica do papa francisco.
nesse ponto, não vejo sentido em qualquer tipo de pressão da sociedade.
se as leis religiosas foram "determinadas" por um deus, quem ousaria modificá-las?
e sendo assim, cristãos, mesmo que praticantes, acabam conduzindo sua fé entre deslizes ou vista grossa. transam antes do casamento, abortam, usam camisinha e se apaixonam por alguém do mesmo sexo.
acabam decidindo o que acatar ou não das religiões por conta própria e ninguém tem nada a ver com isso.
o fantasma da excomunhão ou do inferno já não atormenta o sono de ninguém e, sendo assim, a igreja evangélica abre uma nova frente em que a fé transforma o pacato cordeiro de deus que reza e espera ser atendido no fiel agente de sua própria prosperidade.
dê que deus te dará mais.

e por falar em própria prosperidade, voltamos a falar de feliciano.
independentemente de sua prática religiosa, sua prática parlamentar é o que importa e ele, definitivamente, é o cara errado, no lugar errado, na hora errada.
apesar de ainda muito conservador, o brasileiro começa a traçar novas regras da moral e bons costumes. muito lentamente, é verdade, mas ainda assim elas estão aí no comportamento das mulheres, no espaço para os jovens, em barreiras contra o machismo.
mas na política, ainda continuamos sendo levados como gado.
marco feliciano foi eleito sob as regras da democracia e talvez o que a gente deva ponderar mesmo é sobre quem o colocou nessa posição.
seu partido, o psc, faz parte da base do governo. este, por sua vez, de forma precipitada, começou a campanha eleitoral o que causa comichões de toda ordem naqueles que querem abocanhar um pouco mais de espaço dentro de um barco já repleto de ratos.

marco feliciano deveria abrir mão do cargo, poderia também responder a um processo por racismo e preconceito, mas e os outros? o que acontece com todos os que vão continuar apoiando os outros felicianos instalados na casa?
e os renans, os collors, os sarneys, malufs, blairo maggis, chalitas, anões, mensaleiros? e lula e dilma que promovem essa festa do quiabo por qualquer tipo de apoio?

todos aqueles que estão com a boca no trombone pela rede ou em manifestações na rua estão certos e deveriam ampliar suas exigências.
aqui, não se trata só de gays ou negros mas dos direitos de todo cidadão brasileiro.
marco feliciano deveria abrir mão do cargo, assim como todos aqueles que o puseram lá.
eles não nos representam.