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o fogo nas favelas é tratado de maneira morna

Orlando

28/09/2012 14h59

os seguidos incêndios em favelas na cidade de são paulo são uma equação que não fecha.

a prefeitura e o governo do estado vêm sendo acusados de causar esses "acidentes" exatamente em favelas que ocupam áreas de interesse do setor imobiliário.
ora, usar esse expediente para liberar o espaço já é algo absurdo. fazer isso com gente dentro, chega-se às raias da loucura.
como alguém do órgão público poderia pensar, acionar e proteger tal esquema onde vidas (e não vou nem falar de bens materiais) vão correr tamanho risco?

mesmo com o tamanho da gravidade das acusações, os desmentidos por parte do poder público são tímidos. estamos checando com a polícia e bombeiros, dizem.

por outro lado, as lideranças comunitárias alegam que os focos de incêndio, em alguns casos, aconteceram em pontos diferentes das comunidades mas as versões são contraditórias e faltam testemunhas ou provas.
estranho que "infiltrados" entrem nessas comunidades e ateiem fogo nos barracos sem serem nunca percebidos ou flagrados.

de um lado o senador suplicy diz que parece que o incêndio da favela do moinho, em campos elíseos, não foi causado por uma briga de casal. parece.
de outro, o vice-presidente da comunidade diz que tudo é possível, mas não quer colocar a culpa em ninguém.

em plena campanha eleitoral,numa disputa palmo a palmo, nenhum candidato tem trazido esse assunto pro debate o que pode nos fazer crer (se formos um pouco maldosos) que todos têm o rabo preso com empreiteiras e que o fato de elas entrarem nos espaços carbonizados logo no dia seguinte ao sinistro para iniciar a faxina está tudo bem e tudo certo.

são paulo sempre foi vítima do loteamento político/imobiliário mas a simples hipótese de que incêndios criminosos e atentados contra a vida humana estejam sendo usados como arma para uma possível higienização da cidade é de gelar os ossos. o silêncio e o descaso na investigação, também.

recentemente o prefeito kassab cedeu um terreno na cracolândia para que seja erguido o memorial da democracia, do ex-presidente lula.
a região, centro de uma desastrosa ação policial para a retirada de usuários e traficantes de drogas, também é alvo das garras ávidas da especulação imobiliária.

a revitalização do centro da cidade de são paulo, ao que parece, irá atender muito menos à população do que aos finaciadores de campanhas que têm um plano diretório próprio e particular.

enquanto isso, na favela ou não, o cidadão paulistano continua sendo tratado a ferro e fogo.
principalmente fogo, parece.

 

 

 

Sobre o autor

Orlando Pedroso é artista gráfico e ilustrador, trabalhou com praticamente todas as publicações da grande imprensa. Foi colaborador da Folha de S. Paulo de 1985 a 2011. Ilustrou mais de 60 livros infanto-juvenis e é co-autor de “Livro dos Segundos Socorros” e “Não Vou Dormir” – finalista do prêmio Jabuti de 2007 nas categorias “ilustração” e “melhor livro”. Foi vencedor do Prêmio HQ Mix de melhor ilustrador nos anos de 2001, 2005 e 2006. Expôs nas mostras individuais como “Como o Diabo Gosta”(1997) , “Olha o Passarinho!”(2001), “Uns Desenhos” e “Ôtros Desenhos” (2007). Em 2008, faz uma exposição retrospectiva de 30 anos de trabalho como artista convidado do 35º Salão de Humor de Piracicaba.- É autor dos livros Moças Finas, Árvres e do infantil Vida Simples, e membro do conselho da SIB – Sociedade dos Ilustradores do Brasil.

Sobre o blog

Este blog trata de artes gráficas, ilustração, cartum, quadrinhos e assuntos aleatórios.

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