neil armstrong, meu amigo invisível

foto: nasa

o dia 20 de julho de 1969 foi uma data marcante na minha vida.

fazia dias que o assunto era um: três astronautas haviam saído da terra rumo à lua.
eu tinha 10 anos e, como qualquer outro garoto, já devia ter desejado ser bombeiro, piloto de caça e astronauta um dia.
nas conversas dos adultos, várias considerações e lembranças, inclusive da cachorrinha laika que havia sido enviada pelos russos e se perdido para todo o sempre no espaço sideral.
que judiação, pensava eu.

agora, havia três caras que iriam descer em algum ponto do satélite e tomar um milkshake com lunáticos, marcianos, venusianos e, claro, o flash gordon, um dos meus ídolos em preto e branco.
melhor, tudo transmitido ao vivo pela tv!
uau!

na minha casa todo mundo dormia cedo mas esse era um dia especial e a expectativa era enorme. enorme como eram os aparelhos de tv com suas válvulas e tubo de imagem.
de repente, não mais que de repente, puf!, a televisão pifa, apaga tudo como uma noite sem lua nem estrelas.

assisti o homem descendo na lua pelo rádio. na transmissão não havia extraterrestres nem flash gordon. só um neil armstrong emocionado e tenso como eu.

conferi tudo o que havia imaginado nas fotos full color da revista manchete que mostrava o módulo lunar pousado sobre um deserto sem vida alguma mas cheio de sombras misteriosas com a terra ao fundo.
a marca da sola na areia, os reflexos nos vidro do capacete, a bandeira americana fincada no satélite, tudo era lindo.
assim como foi linda a volta da cápsula à terra, o resgate no mar e a aflição da quarentena. graças à revista manchete, eu sabia de tudo. em cores!

e o neil, meu amigo invisível por uma noite, o comandante da apollo xl, nunca soube disso.
de repente, a laika conta pra ele.