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a são luis de fábio moon e gabriel bá

Orlando

06/07/2012 21h21

blogdoorlando – vocês estão finalizando um livro sobre são luis para a série "cidades ilustradas" da casa 21.
como foi o convite e por que vocês acham que foram escolhidos para desenhar essa cidade?
Gabriel – A conversa sobre fazer um livro desta série já aconteceu faz alguns anos, início de 2007, acho. Não tinha uma cidade específica ainda, ou pelo menos sei que não era São Luís. Mas o tempo vai passando, temos sempre muitos projetos e nosso contato com o Roberto, da Casa 21, somente acontecia próximo das convenções que ele organiza, a Rio Comicon e o FIQ, anteriormente. Foi então que, no primeiro semestre do ano passado, ele nos escreveu falando que havia saído o patrocínio para mais um livro, desta vez sobre São Luís e se nós não gostaríamos de fazer. Já tínhamos projetos demais, viagens demais, mas a vontade de conhecer uma cidade nova e fazer algo exclusivamente pro mercado Brasileiro foi mais forte. Nossa agenda estava lotada, tínhamos uma "janela" somente no fim de Maio pra viajar. Topamos e, rapidamente, estávamos em um avião pra o Maranhão.

blogdoorlando – como foi o processo de trabalho? havia um roteiro prévio que devesse ser seguido?
Gabriel- Tínhamos um guia local, o Bruno Azevedo, que selecionou os lugares que iríamos visitar, nos explicava como era a vida por ali, a história. Foi super prestativo e, passeando sozinhos, nunca teríamos aprendido tanto sobre a cidade. Tiramos muitas fotos, anotamos algumas coisas mais importantes e já começamos a montar uma ordem das imagens durante a viagem.

blogdoorlando – pra vocês, qual a diferença básica de se fazer um trabalho de encomenda como esse e os álbuns autorais?
Fábio – acho que um projeto de encomenda, como este do "Cidades Ilustradas", já vem com uma cara. Ou pelo menos você acha que já vem com uma cara, já vem com um jeito definido, então você, como autor, só precisa repetir uma fórmula, se encaixar dentro de uma estrutura. No final, vimos que para nós mesmo um projeto de encomenda precisa de um elemento autoral para fazer sentido até o final. Foi preciso encontrar um motivo externo à viagem, um motivo interno, uma ideia, para que os desenhos começassem a encontrar uma ordem, um sentido, uma história.

blogdoorlando – nesta segunda, dia 9, vocês partem para mais uma participação na comicon de san diego. por quanto tempo vocês ainda vão participar?
a feira continua sendo uma boa alternativa para os novos quadrinistas?
Fábio – Este ano parece ser o último ano que teremos um estande dentro da convenção. Este trabalho de estande, a linha de frente do autor independente, acho que já foi feita, pelo menos em San Diego. Parece um pouco contraditória, pois agora as pessoas conhecem o nosso trabalho e vão ao estande comprar os nossos livros que ainda não tem, páginas originais ou apenas ganhar autógrafos, então agora o fato de termos estande ajuda o leitor a nos encontrar na convenção, mas o estande nos deixa presos ali, naquele ponto, e está limitando o quanto podemos aproveitar a convenção. Mais importante do que vender livros é conversar com editores sobre os próximos livros, fazer reuniões, participar de palestras ou workshops, discutir com autores que conhecemos, ou que podemos conhecer, para pensar nos caminhos futuros dos quadrinhos, e então precisamos de mais tempo para todas estas outras atividades, essas reuniões, estes encontros.
A convenção de San Diego já não é a melhor alternativa para os novos quadrinistas, pois cresceu demais, então é muito fácil desaparecer na multidão. Ao mesmo tempo, vendo que o foco da convenção – ou o que a maioria do público vai atrás – mudou para novidades no mundo do cinema, da tv e dos video games, surgiu uma iniciativa fora do centro de convenções de criar um espaço só para discutir quadrinhos autorais e novos artistas, uma loja/bar/espaço chamado TR!CKSTER, e no ano passado as melhores palestras foram as que aconteceram no TR!CKSTER. Participamos no ano passado numa demonstração de desenho e este ano participaremos de novo, mas este é um espaço que precisou ser criado fora do espaço da convenção, então acho que existem melhores opções para quem precisa avaliar qual o melhor investimento de viagem.

blogdoorlando – qual é o próximo projeto de vocês?
Fábio – Acabando o livro de São Luis, mergulhamos de cabeça na adaptação do "Dois Irmãos", do Milton Hatoum. Estamos trabalhando nesse livro juntamente com todos os outros projetos desde o ano passado, mas agora ele pode ter a atenção exclusiva que merece – e que precisa.
Gabriel – Provavelmente, vamos sumir por uns tempos. Temos duas mini-séries nos EUA em produção, coisa que será publicada só ano que vem, mas o nosso maior foco agora é na adaptação do "Dois Irmãos". É muito trabalho.

 

Sobre o autor

Orlando Pedroso é artista gráfico e ilustrador, trabalhou com praticamente todas as publicações da grande imprensa. Foi colaborador da Folha de S. Paulo de 1985 a 2011. Ilustrou mais de 60 livros infanto-juvenis e é co-autor de “Livro dos Segundos Socorros” e “Não Vou Dormir” – finalista do prêmio Jabuti de 2007 nas categorias “ilustração” e “melhor livro”. Foi vencedor do Prêmio HQ Mix de melhor ilustrador nos anos de 2001, 2005 e 2006. Expôs nas mostras individuais como “Como o Diabo Gosta”(1997) , “Olha o Passarinho!”(2001), “Uns Desenhos” e “Ôtros Desenhos” (2007). Em 2008, faz uma exposição retrospectiva de 30 anos de trabalho como artista convidado do 35º Salão de Humor de Piracicaba.- É autor dos livros Moças Finas, Árvres e do infantil Vida Simples, e membro do conselho da SIB – Sociedade dos Ilustradores do Brasil.

Sobre o blog

Este blog trata de artes gráficas, ilustração, cartum, quadrinhos e assuntos aleatórios.

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