governo compra menos e acende luz de emergência de editoras
acendeu a luz de emergência na indústria editorial.
editoras, tendo luiz schwarcz, da companhia das letras, à frente, reclamam da diminuição de compra de livros pelos governos municipais, estaduais e federal.
segundo matéria publicada hoje na capa do caderno ilustrada, da folha de s. paulo, o governo federal havia comprado 11 milhões de títulos em 2012 e somente 7,5 milhões em 2013.
esses números são contestados pelas secretarias.
o discurso dos editores é que isso é um retrocesso e que os governos deveriam se importar com a cultura da nação, que o acesso aos livros são portas de entrada para o futuro dos jovens, etc.
bem, editoras e livrarias não trabalham só com cultura. trabalham com produtos e como tal os livros são tratados.
números, percentuais, vendas, estoque. poderiam fabricar camisas ou carros, por exemplo e assim como existem carros e carros, camisas e camisas, editores têm mais cuidados com este ou aquele título.
de qualquer forma, apesar de se preocuparem com a cultura do povo, caíram na terrível armadilha de depender de um único cliente. justamente o cliente oficial.
o brasil é o maior comprador de livros do planeta.
isso fez com que quase todas as editoras criassem novos selos para atender a essa demanda. muitas delas foram vendidas ou incorporadas a empresas estrangeiras.
note-se que num país de mais de 200 milhões de habitantes, a tiragem média de um livro é de 2 mil a 3 mil exemplares que serão vendidos entre 2,5 e 3 anos.
muito pouco para chamarmos isso de mercado.
o fornecimento de livros para a rede pública é, sem dúvida, uma iniciativa louvável e importante mas tem seu lado sinistro.
para as crianças que recebem seus exemplares, livros são objeto que se ganha, não que se compra. recebem de graça e, provavelmente, nunca entrarão numa livraria ou sebo na vida.
e livro é objeto de se ganhar na escola. na vida real e adulta, continuarão a sonhar com tênis e smartfones.
nesse ponto, as editoras acomodadas nos expressivos números das compras oficiais, se esquecem do básico de qualquer negócio: ampliar seu mercado.
tomemos como base as feiras e bienais que acontecem no país.
o estacionamento é caro, a entrada é cara e as editoras gastam uma fortuna para montarem seus estandes.
as caravanas de ônibus lotados de crianças não trazem consumidores. nem ao menos futuros consumidores. trazem uma molecada que vai ao evento como se fosse ao parque de diversão para ganhar uma prenda.
quem é consumidor de literatura, vai continuar indo em sua livraria de preferência ou na internet longe da algazarra e desconforto das feiras.
se a luz vermelha acendeu, é mais que hora de os editores perceberem que são reféns de uma fonte que pode, se não secar, diminuir a níveis mais que preocupantes.
aí não haverá mais discurso sobre a cultura para os jovens mas como sobreviver sem compradores.
e, como sabemos, no mercado não existe volume morto.
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