taxistas continuam sendo termômetro da sociedade
em são paulo, pegar um taxi continua sendo uma aventura. em dias de chuva, desaparecem e com nosso trânsito monolítico, temos sempre a chance de ter um motorista como companheiro de infortúnio por algumas horas.
reduto malufista nos anos 70 e 80, esses profissionais espelhavam bem o conservadorismo enraizado na cidade apoiando a construção de viadutos, avenidas e a vigilância ostensiva da rota nas ruas.
continuam trabalhando 12 e até 16 horas por dia para conseguir oferecer um padrão médio de vida a seus familiares mas há mudanças.
boa parte deles conseguiu formar os filhos, sempre motivo de muito orgulho e de perspectivas diferentes.
e conviver com filhos mais letrados deve provocar mudanças dentro de suas casas.
há, também, uma rapaziada que mesmo tendo estudado, prefere ficar rodando na praça ao invés de encarar o tédio de empresas e escritórios.
a rua oferece uma convivência efêmera mas muito mais rica com o entra e sai de passageiros de diferentes faixas sociais trazendo informações, pontos de vista diversos e outras línguas.
há, portanto, um novo taxista rodando por aí, mais culto, mais afinado, mais informado e mais crítico.
o conformismo malufista dá lugar a um sujeito indignado com os descalabros da política, com o caos na cidade, com impostos, com os desmandos da prefeitura e polícia.
se a cidade é mesmo um órgão vivo, esses profissionais circulam diariamente por suas veias e artérias ao ritmo de seu coração.
podem ficar aborrecidos com os constantes bloqueios de manifestações mas já não acham que a polícia deveria "meter o cacete nesses vagabundos". sabem que a coisa não tá boa para ninguém, que alguém tem que meter a boca no trombone e que esse é o preço a se pagar.
o motorista gordo, de camisa aberta, corrente, palito nos dentes e braço pra fora parece que saiu de moda.
se esse pouco de educação causou esse tipo de mudança, o que não aconteceria se ela chegasse a todos os extratos da sociedade, comerciantes, domésticas, motoristas e ônibus, feirantes ou garis?
a educação pode mudar uma sociedade e, consequentemente, o que vemos no espelho.
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