o silêncio dos culpados e o barulho dos inocentes
na edição deste sábado, dia 15, da folha de são paulo, o comandante-geral da polícia militar, coronel benedito roberto meira disse que os repórteres deveriam saber se posicionar na cobertura de confrontos.
disse ele que, se não quiserem se machucar, ficassem atrás da linha dos policiais.
pura verdade.
em direção aos policiais, as armas eram os gritos de "fora a repressão", "sem violência", "abaixo a tarifa" e outras palavras de ordem que poderiam machucar somente ouvidinhos muito sensíveis, não os de profissionais tão acostumados aos estampidos de tiros e bombas.
na linha de frente dos manifestantes, ninguém com pau, pedras ou qualquer outro instrumento de guerra, como demonstram as centenas de fotos espalhadas pela web, jornais e revistas.
tiros de borracha podem matar. e se não matam, podem causar sérios danos. machucam, mutilam e se a intenção é dispersar, são totalmente dispensáveis.
vítimas desses tiros, jornalistas acabaram não só por cobrir o evento, mas por abrir os olhos intactos de seus patrões e editores.
a partir de quinta o tom da cobertura mudou radicalmente. finalmente percebeu-se que essa movimentação toda não trata dos R$0,20 da passagem mas é muito mais o reflexo do descontentamento generalizado. tarifas, educação, saúde, caos urbano, violência, inflação, corrupção, descaso.
prova disso, a sonora vaia que a presidente dilma levou ontem na abertura da copa das confederações, em brasília.
enquanto o pau comia fora do estádio entre polícia e manifestantes, os 70 mil pagantes mostraram todo o seu descontentamento a uma presidente que se portou como uma colegial tomando um pito do diretor da escola na frente dos pais.
o constrangimento era visível e ela se limitou a recitar a frase decorada e dar como aberto o campeonato.
as câmeras focalizavam joseph blatter e dilma. josé maria marin, desafeto da presidente, foi cortado fora.
ê, edição!
mas o que tem me chamado a atenção nos últimos dias, é o estrondoso silêncio da classe política, a verdadeira culpada por tudo isso.
nenhum representante do povo nas ruas, nenhum dando declarações, nenhum se posicionando contra ou a favor.
nem mesmo o arroz de festa das causas perdidas, o senador eduardo suplicy, deu as caras.
certamente estão muito ocupados nos bastidores tentando achar uma solução para o impasse que as manifestações têm causado ao destino de seus partidos.
declarações ou posicionamento desastrados podem melar algumas intenções para as eleições do ano que vem.
a imobilidade do prefeito haddad, político que respeita as decisões do partido, pode ser o resultado desse imbróglio em que o pt se meteu.
o governador alckmin, por sua vez, tem menos a perder. endurecendo, ele pode tentar agradar a ala da chamada "onda conservadora", especialmente de são paulo.
dilma parece cada vez mais se isolar no poder. se isolar e ser isolada.
as balas de borracha do fracasso nas urnas dóem para esse povo. melhor não botar o nariz na rua.
não sou dado a teorias da conspiração mas não posso deixar de imaginar uma situação de fritura da atual presidente e uma eleição disputada com a volta de um lula salvador da pátria.
não sei.
fica registrado aqui e só o tempo dirá.
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