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david bowie, a coroa britânica e uma fita cassete

Orlando

12/01/2016 11h42

 

antes de conhecer o som vi a imagem.
era um poster da revista pop. um sujeito magrelo, cabelos laranja espetados e um macacão prata com listras pretas e laranja.
david bowie. david bôuie que eu achei que era david bouiê.
pendurei na porta do quarto que dividia com meus outros 3 irmãos.

o primeiro disco foi pin ups, covers de outras bandas.
eu que cuidava de minhas espinhas com deep purple e black sabbath fiquei ensimesmado. a capa com aquele fundo azul e um ser meio assim assim com um olho de cada cor.
na sequência comprei aladdin sane. choque. os riffs, a voz, jean genie que eu tocava nas festas e, de novo, a capa com aquele ser estranho.
eu tinha 14 anos.
um amigo mais velho me apresentou space oddity, hunky dory e deep purple teve que esperar um pouco.

diamond dogs era uma estranheza e foi o primeiro disco que me foi roubado. comprei outro anos mais tarde.
young americans, station to station, low, heroes, lodger foram acompanhados meio de longe. eu estava meio distraído e escutava uma ou outra coisa pelo rádio.
até scary monsters e seu clip bizarro com aqueles efeitos de quem estava descobrindo o computador. clipes, aliás, nunca foram o forte do david jones. quase sempre eram bregas, desajeitados e chatos.

em 1983, morando em londres, percebi a força do furacão bowie.
um cara que era a fins de minha namorada deu para ela uma fita cassete de let's dance que tenho até hoje.
david bowie ditava as regras de moda e comportamento.
ternos, cabelos, o jeito cool de andar e olhar. e ia ficando cada vez mais bonito, mais charming, mais stáile.
dividia o pódium com michael jackson e marvim gaye.
a morte de marvin, em 1984, causou uma comoção sem tamanho.
imagino hoje como deve estar o reino unido sem o verdadeiro dono da coroa britânica.

hoje, david bowie is dead.
deixa um legado monstruoso e encerra uma era de elegância e inteligência.
sobra uma saudade estranha, alguns discos e uma fita cassete do cara que era a fins da minha mina.

 

 

 

 

 

 

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Sobre o autor

Orlando Pedroso é artista gráfico e ilustrador, trabalhou com praticamente todas as publicações da grande imprensa. Foi colaborador da Folha de S. Paulo de 1985 a 2011. Ilustrou mais de 60 livros infanto-juvenis e é co-autor de “Livro dos Segundos Socorros” e “Não Vou Dormir” – finalista do prêmio Jabuti de 2007 nas categorias “ilustração” e “melhor livro”. Foi vencedor do Prêmio HQ Mix de melhor ilustrador nos anos de 2001, 2005 e 2006. Expôs nas mostras individuais como “Como o Diabo Gosta”(1997) , “Olha o Passarinho!”(2001), “Uns Desenhos” e “Ôtros Desenhos” (2007). Em 2008, faz uma exposição retrospectiva de 30 anos de trabalho como artista convidado do 35º Salão de Humor de Piracicaba.- É autor dos livros Moças Finas, Árvres e do infantil Vida Simples, e membro do conselho da SIB – Sociedade dos Ilustradores do Brasil.

Sobre o blog

Este blog trata de artes gráficas, ilustração, cartum, quadrinhos e assuntos aleatórios.

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