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artista argentino carlos nine foi um dos maiores de sua geração. e se foi.

Orlando

19/07/2016 11h20

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neste sábado, 16 de julho, morreu carlos nine, provavelmente de pneumonia.
argentino de haedo, província de buenos aires, nine era um dos mais importantes e talentosos artistas de sua geração.
com um trabalho quase barroco, cheio de rococós e fantasia, se destacou por suas capas para a revista humor e por seus desenhos para co&co, notícias e para o diário clarin.
publicou com grande destaque na itália, espanha e, principalmente, na frança. por isso, mesmo em buenos aires, talvez seja muito mais fácil encontrar seus trabalhos nas estantes dos internacionais do que nas dos argentinos.
aqui no brasil, inacreditavelmente, não há nada dele traduzido e publicado mesmo tendo recebido inúmeros prêmios como o alph-art e o konex de platina.

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seu trabalho não era de fácil classificação. fala-se em neo-figurativo mas pode ser pouco perto do que ele fazia. o acabamento perfeito transformava seus personagens volumosos e deformados em seres de outra dimensão.
pin-ups, dançarinos de tango, cafajestes, animais, mulheres com grandes seios e muitas curvas compunham seu universo particular em cores sóbrias e ocres seja nas ilustrações, seja nos quadrinhos, animações ou esculturas.
veio ao brasil muitas vezes, expôs no museu do trabalho, em porto alegre e deu sua visão da cidade no livro da coleção cidades ilustradas, da editora casa 21.

Porto Alegre - Nine
nine vinha enfrentando problemas de saúde já faz um tempo especialmente um descolamento de retina que abria a possibilidade de ele ficar cego. convidado a vir participar de um evento em são paulo, disse ironicamente, que talvez tivesse que passar se dedicar somente à escultura.
sua morte abre uma lacuna imensa nas artes gráficas. carlos nine era um monstro! único e inimitável.
fará falta como mostram os depoimentos abaixo.

"Uma das coisas boas de ter vivido 38 anos no Rio grande do Sul foi a proximidade com a cultura do Rio da Prata. Uma prova disso foi o conhecimento precoce  da obra magistral deste grande artista, o Carlos Nine. melhor ainda, travar relação de amizade com este autor no seu próprio" habitat ", naquela cidade maravilhosa que ajudou a gerar seu universo. Pra melhorar, tempos  depois – por conta de festivais como o FIQ  – reencontra-lo em território brasileiro.. Tive esse privilegio, o que me faz pensar como tem feito  falta este tipo de encontro ainda mais que esses grandes estão partindo para um lado mais nobre da galáxia. Um grande brinde a um talento ímpar, que ainda por cima  retratou minha Porto Alegre na Coleção Cidades Ilustradas da Casa 21. Salud amigo!"
Guazzelli – Quadrinista e Ilustrador

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"Não consegui conhecer o Nine pessoalmente quando esteve aqui, nos anos 90, numa exposição bi-nacional que o Paulo Caruso organizou.
Mas conheci seu trabalho, seu traço endoidecido de tanto gozo. Foi o que me pareceu.
Ele tem um filho, que carrega bastante desse modo de desenhar dele."
Laerte – Cartunista

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"O Carlos Nine é daquelas pessoas especiais com um talento imenso mas com um coração, generosidade e simpatia maiores ainda. A primeira vez que falei com ele foi em 2009 por causa de uma entrevista para a Revista Ilustrar. Foi amizade instantânea. Para mim era até estranho como uma estrela daquela grandeza era ao mesmo tempo tão simples e afetuoso. Sem falar de um talento único, que vai deixar uma lacuna enorme nas artes."
Ricardo Antunes – Ilustrador e Editor

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"Conheci pessoalmente Carlos Nine em 2003 ou 2004 (entre 2001 e 2005 não lembro de quase nada, desculpem) num FIQ. Participamos de uma mesa juntos. Amabilissimo, muito gentil e chocantemente humilde. Vejo moleques que começaram a desenhar ontem  1000 vezes mais arrogantes que ele, um verdadeiro monstro das artes gráficas. Deixou um legado enorme e infelizmente ainda não editado no Brasil. A corrigir."
Allan Sieber – Cartunista

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Em junho passei dez dias em Buenos Aires e fiz contato com a esposa do grande Carlos Nine para uma visita e ela gentilmente respondeu que Carlos estava muito envolvido com exames médicos cardiológicos . Preferi imaginar que fosse esses check ups de rotina que todos nós sexagenários precisamos.
Pois no sábado dia 16 de julho fiquei sabendo que havíamos perdido simplesmente um dos maiores artistas gráficos do mundo.  Quando passou por uma cirurgia de descolamento de retina, disse que corria o risco de ficar sendo apenas escultor (nessa ocasião mandei-lhe uma mensagem de boas vindas ao Clube dos Desenhistas Retino-Descolados do qual faço parte há trinta e oito anos!!!).
Infelizmente hoje não temos nem o escultor nem o soberbo desenhista.
Santiago – Cartunista

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"Tive o prazer de visitá-lo algumas vezes em Buenos Aires.
Atencioso, me esperou com uma bandeja cheia de medialunas.
Nine era filho de ferroviários e construiu uma pequena estação de trem no pátio de sua casa em homenagem aos pais. Figuraça.
Lucas seu filho herdou o DNA do pai em toda a potência. O traço dele é bem parecido.
Uma vez fui visitar Sábat na redação do Clarin e comentei que tinha ido visitar o Nine.
Sábat comentou algo de uma inveja que tinha do jeito que o Nine desenhava.
Inveja boa, claro.
No mais, conheci o traço do Nine na velha Fierro.
Sempre me encantou"
Adão Iturrusgarai
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Un artista inmenso , un clasico en nuestros dias , un genio.
Cristobal Reinoso, o Crist – Cartunista
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"Conheci o Nine em 2005. Antes, era pra mim apenas um gênio da composição gráfica e da aquarela. Depois, passou a ser, também, uma referência de fidalguia, humildade e genialidade. Quem fez contato com ele certamente ficou marcado por bons sinais que vão vindo à tona ao longo do tempo. Nine é 10!"
Bier – Cartunista

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"Uma das características das grandes obras de arte é, em primeiro momento, causar-me um profundo estranhamento. Com Nine foi assim: a primeira vez que vi seus quadrinhos, tomei um baque pelo estilo estranho de caricaturização que tinha seus desenhos. Logo depois, fui absorvendo – ou melhor, sendo absorvido – pela forma que mesclava um profundo conhecimento clássico com uma visão absolutamente original, trangressora. Um dos gênios contemporâneos que mais me influenciaram. Tivemos, aqui em Porto Alegre, a sorte de ele nos visitar algumas vezes e poder curtir momentos muito bacanas ao lado desse gigante."
Rodrigo Rosa – Quadrinista

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"tô muito chateado pra ficar escrevendo o quanto ele era legal, o impacto que, quando vi o desenho dele pela primeira vez, essas coisas que a gente escreve sempre que morre um desenhista que não precisava morrer."
Fabio Zimbres – Artista Gráfico

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"Entrei em contato sua obra no início dos anos de 1990 e, imediatamente, seu trabalho me influenciou. Graças a um exemplar da revista Fierro, posso dizer que sou amigo íntimo dele. Hoje o mundo fica menos colorido, mas seu legado está aí para encher os olhos dos que ficaram."
Marco Jacobsen – Cartunista

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Carlos Nine e seu filho Lucas NIne, também ótimno desenhista, vieram ao Rio para a II Bienal Internacional de Quadrinhos. NIne pai trouxe uma exposiçao com originais belíssimos. Criava mágicas com guache. Levamos os dois, junto com o chargista argentino Críst, a uma apresentação de Milton Nascimento. Nine disse que ouvir MIlton cantar, ao vivo, fora uma das maiores emoções de sua vida.
Ricky Goodwin – Jornalista

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"O maior desenhista de humor do mundo. Concepção totalmente
original tanto da linha quanto da mancha, no p&b e na cor. Coisa
raríssima: equilíbrio perfeito entre a fluência do desempenho e a precisão
do resultado, com qualquer técnica, especialmente no nanquim e na aquarela.
A partir de agora, vamos ter q nos inspirar revendo o muito q ele nos deixou, pra olhar e ter imediata vontade de desenhar."
Edgar Vasques – Cartunista

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"Como quase todo mundo sabe, o cara desenhava mucho…Mas o que eu queria ver de perto é a estação Venezuela da linha H do metrô de Buenos Aires, com alguns murais do Carlos Nine sobre a vida do músico de tango Osvaldo Fresedo…Ilustrações em formato gigante, ideais para deixar o tempo passar enquanto o trem não passa…"
Reinaldo – Humorista

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links úteis:
http://www.carlosnine.com/
http://cartoonando.blogspot.com.br/2010/07/carlos-nine-al-habla.html

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Sobre o autor

Orlando Pedroso é artista gráfico e ilustrador, trabalhou com praticamente todas as publicações da grande imprensa. Foi colaborador da Folha de S. Paulo de 1985 a 2011. Ilustrou mais de 60 livros infanto-juvenis e é co-autor de “Livro dos Segundos Socorros” e “Não Vou Dormir” – finalista do prêmio Jabuti de 2007 nas categorias “ilustração” e “melhor livro”. Foi vencedor do Prêmio HQ Mix de melhor ilustrador nos anos de 2001, 2005 e 2006. Expôs nas mostras individuais como “Como o Diabo Gosta”(1997) , “Olha o Passarinho!”(2001), “Uns Desenhos” e “Ôtros Desenhos” (2007). Em 2008, faz uma exposição retrospectiva de 30 anos de trabalho como artista convidado do 35º Salão de Humor de Piracicaba.- É autor dos livros Moças Finas, Árvres e do infantil Vida Simples, e membro do conselho da SIB – Sociedade dos Ilustradores do Brasil.

Sobre o blog

Este blog trata de artes gráficas, ilustração, cartum, quadrinhos e assuntos aleatórios.

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