Topo

Histórico

Categorias

ciclofaixas improvisadas podem colocar ciclistas em risco em sp

Orlando

15/12/2014 10h17

são paulo é uma cidade que cresceu desordenadamente e hoje paga um preço alto por isso.
na verdade, ela continua crescendo pra cima, com um bum de empreendimentos imobiliários que não se via desde o milagre econômico nos anos 70.
onde havia três ou quatro casinhas, sobe um espigão com algumas dezenas de apartamentos, garagens e muitos, muitos carros.
a ineficiência do transporte público somada à facilidade de crédito para a compra de um automóvel para chamar de seu, fez da cidade uma verdadeira arapuca em que não se consegue ir para lá ou para cá sem que os nervos fiquem à flor da pele.

o prefeito haddad, para alegria de uns e ódio de outros, comprou uma briga e decidiu apertar os carros entre faixas exclusivas para ônibus e outras destinadas a bicicletas.
entre ciclovias e ciclofaixas, a cidade conta com uma malha de mais de 230 km de extensão ainda timidamente usadas para desespero de motoristas afunilados em seus corredores.
ainda que aumentando em número, a maior parte de ciclistas usa esses espaços para o lazer durante os fins de semana.
medo, calor e as sinuosas ladeiras da capital são alguns dos motivos alegados por aqueles que "iriam" para o trabalho de bike caso não tivessem ainda que brigar por espaço com ônibus ou conseguissem chegar lindos e cheirosos ao escritório.

se as faixas aumentarem e forem implantadas ações que dificultem o uso de automóveis, em alguns anos as bicicletas poderão, definitivamente, fazer parte da paisagem urbana paulistana como em outras cidades cosmopolitas do planeta. menos carros, menos barulho, menos poluição.
isso já seria o suficiente para que essa mudança acontecesse.

mas, como todo plano de curto prazo, há falhas. e falhas perigosas que podem colocar em risco a vida de usuários das ciclofaixas.
estas, diferentemente das ciclovias que são planejadas e que possuem um piso uniforme e seguro, são apenas uma tinta vermelha aplicada em cima do péssimo asfalto da cidade. buracos, depressão, bocas de lobo, pedriscos e toda a sorte de imperfeições fazem parte da "pista" de duas mãos que, fosse usada de forma massiva, não comportaria duas bikes no mesmo espaço.

exemplo é a rua joão moura, a meio caminho da estação vila madalena no sumarezinho. fiz o trajeto à noite e voltei na tarde seguinte. é um perigo.
uma distração e a roda pode escorregar ou travar em alguma das centenas de imperfeições da pista.
quando um ciclista vem, o outro é obrigado a invadir o espaço dos carros. a joão moura é uma rua de tráfego intenso e não muito bem iluminada à noite.
a poucos metros da estação, antes de uma curva e do semáforo da av. heitor penteado, a faixa termina. dali pra frente vc que se vire.
o uso de bicicletas é um hábito saudável. faz bem para o coração e para as pernas.

faz bem para as pernas mas nem por isso as ciclofaixas precisam ser feitas nas coxas.

P1070010

P1070011

P1070016

P1070009

P1070012

P1070013

P1070014

P1070015

P1070017

P1070018

P1070019

 

Sobre o autor

Orlando Pedroso é artista gráfico e ilustrador, trabalhou com praticamente todas as publicações da grande imprensa. Foi colaborador da Folha de S. Paulo de 1985 a 2011. Ilustrou mais de 60 livros infanto-juvenis e é co-autor de “Livro dos Segundos Socorros” e “Não Vou Dormir” – finalista do prêmio Jabuti de 2007 nas categorias “ilustração” e “melhor livro”. Foi vencedor do Prêmio HQ Mix de melhor ilustrador nos anos de 2001, 2005 e 2006. Expôs nas mostras individuais como “Como o Diabo Gosta”(1997) , “Olha o Passarinho!”(2001), “Uns Desenhos” e “Ôtros Desenhos” (2007). Em 2008, faz uma exposição retrospectiva de 30 anos de trabalho como artista convidado do 35º Salão de Humor de Piracicaba.- É autor dos livros Moças Finas, Árvres e do infantil Vida Simples, e membro do conselho da SIB – Sociedade dos Ilustradores do Brasil.

Sobre o blog

Este blog trata de artes gráficas, ilustração, cartum, quadrinhos e assuntos aleatórios.

Blog do Orlando